Angola: Memórias da Transição Política de JES e JL - Volume I

(Volume I): No dia 11 de Março de 2016, numa reunião que era suposto ser apenas mais uma do Comité Central do seu partido, o MPLA, José Eduardo dos Santos atirou para uma plateia de centenas de homens e mulheres um verdadeiro torpedo que não deixou pedra sobre pedra. Anunciou, sem que se suspeitasse, que não tencionava continuar a fazer política activa depois de 2018, aproveitando para lembrar aos compagnons de route que anda nisto (entenda-se dedicação à causa de Angola) desde 1960, quando tinha apenas 18 anos de idade e desenvolvia acções na luta clandestina que então fervilhava no espaço territorial de Luanda.

A bomba explodiu e as reacções são, claramente, o aspecto mais notável da realidade que de forma abrupta veio dominar o cenário da política doméstica de uma maneira absoluta, sem que um único domínio da vida se tenha podido manter à margem do facto. Tudo, no plano das interpretações, acabou capturado pela notícia que ninguém adivinhou e vão ser ainda muitos os dias e as semanas com o tema no epicentro da actualidade até se trans?gurar em múltiplos desdobramentos à medida que nos aproximarmos de eventos decisivos com força para produzir novos factos. Um desses eventos, quiçá o mais relevante no horizonte próximo, será o congresso do MPLA previsto para o mês de Agosto, que se tem como a plataforma dará a conhecer a Angola o modo como o partido maioritário pensa apresentar-se para o desafio eleitoral de 2017.

O PAÍS | 14 Março 2016