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Livro capa mole

Kimpa Vita tinha entre 18 e 20 anos quando, depois de uma grave doença, disse ter sido possuída por Santo António. E seria como o santo incarnado (daí o nome do movimento) que Kimpa Vita pregaria às multidões do Reino do Kongo, em meio à crise que o assolava, seguindo o rasto de outras profetisas que a precederam, como a Velha Mafuta.

A pregação de Kimpa Vita possuía uma forte conotação política. Ela preconizava o retorno da capital para São Salvador (Mbanza Kongo) e a reunificação do Reino, chegando mesmo a envolver-se nas lutas entre facções da época. As alianças que foi estabelecendo ancoravam-se numa cosmologia complexa e peculiar, que consistia numa "modalidade remodelada e completamente africanizada do cristianismo".
O movimento antoniano rejeitou igualmente boa parte dos sacramentos católicos, como o baptismo, a confissão e o matrimónio. Kimpa Vita adoptou em seu proveito pessoal certas orações católicas, sobretudo a Salve-Rainha, e proibiu a veneração da cruz, por ter sido ela o instrumento da morte de Cristo.

Como é natural, essa pregação despertou a ira dos missionários capuchinhos e das facções adversárias do Antonianismo, que lutavam pelo poder real. O próprio Dom Pedro IV, de início cauteloso e hesitante em reprimir o movimento, terminou cedendo às intrigas dos capuchinhos e ordenou, em 1709, a prisão e a queima na fogueira de Kimpa Vita, como falsa profetisa e herege do Catolicismo.
Apesar de curta duração, a acção de Kimpa Vita e do movimento antoniano deixou até hoje marcas em toda a região do antigo reino e em todos os países para onde foram levados escravos do Congo. Há referências a essa religião no Brasil, no Suriname, na Jamaica, em Barbados, no Haiti e nos próprios Estados Unidos da América (em Nova Orleães, Virgínia e Carolina do Sul).

Mais modernamente, a referência a Kimpa Vita continua viva em muitos movimentos proféticos e messiânicos, como os de Simão Kimbangu, Simão Toko ou Tata Ntuasidi Antoine Ngoko, que lançam o mesmo grito de reunificação: "Mazinga Mlolo", já utilizado por Kimpa Vita no início do século XVIII.

More Information
Author José Mena Abrantes
Publisher Mayamba
Edition no. 1
Year of publication 2019
Page numbers 158
Format Livro capa mole
Language Portuguese
ISBN 9789897612152
Country of Origin Angola
Dimension [cm] 20,9 x 13,5 x 1
About the Author

José Manuel Feio Mena Abrantes (Malanje, 11 de Janeiro de 1945), é jornalista e dramaturgo, director e escritor de ficção. É licenciado em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Exerceu jornalismo desde 1975 com colaboração em vários órgãos de comunicação social angolanos, portugueses, franceses e moçambicanos até se tornar Assessor de Imprensa (1993), mais tarde Secretário do Presidente da República para a Comunicação Institucional e Imprensa (2012) e, desde Janeiro de 2018, Consultor do Presidente da República.
Como jornalista foi director-geral da ANGOP - Agência Angola Press, entre 1982 e 1984, e chefe do Sector de Informação e Divulgação da Cinemateca Nacional, entre 1985 e 1987.

Dirige o grupo Elinga-Teatro e é consultor do Presidente da República de Angola para assuntos de Cultura e Ciências.
Publicou três livros de poesia, outros tantos de ficção e 21 peças de teatro, dos quais 3 publicados pela Mayamba, nomeadamente Quotidiamo, Kimpa Vita - a profetisa ardente e Filho bem-amado do Kongo: Dom António Manuel, e um de ficção Poeira do Tempo (2015).

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