O livro Manana dá-nos um quadro exemplar da situação do assimilado antes do processo de consciencialização por que passou o intelectual angolano no fim dos anos 40 e no princípio da década de 50 do século XX colonial. Sobrevivência com tudo o que isso implicava de conformismo, de aceitação do estatuto de colonizado, é, nesse período, o alvo do assimilado incapaz de atender às contradições das estruturas em que se insere e dá ao seu esforço uma dimensão libertadora. O assimilado, nessa fase, pensa que as soluções são individuais, possíveis de alcançar-se à custa de tudo e de todos. A manha, a ladinice, a esperteza são as armas ilusórias desse pícaro que acaba por ser vítima da sua inserção incorrecta na realidade.
Manha, ladinice, esperteza ajudam a definir a atitude do narrador-protagonista perante a vida. Pícaros, anti-herói caracterizam Felito Bata da Silva, o protagonista, na sucessão interminável de patranhas que é o seu quotidiano de marido infiel, de pequeno D. Juan trapaceiro.
Felito não está interessado em mudar o mundo: aceita ou antes para sobreviver, para se mover na enganadora liberdade por que optou, finge aceitar as estruturas sociais vigentes – é um conformista, e com o seu conformismo consegue a consideração dos velhos, dos representantes do mundo tradicional, também eles vítimas da alienação que o colonialismo a todos estende.
Manana é uma crítica ao sistema colonial-fascista que asfixiava o povo angolano.
Author | Uanhenga Xitu |
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Publisher | Mayamba |
Edition no. | 1 |
Year of publication | 2011 |
Page numbers | 140 |
Format | Livro capa mole |
Language | Portuguese |
ISBN | 9789898370150 |
Country of Origin | Angola |
Dimension [cm] | 23 x 15,5 x 0,8 |
About the Author | UANHENGA XITU é o pseudónimo literário de Agostinho André Mendes de Carvalho. Nasceu em Kalomboloca, Ikolo e Bengo, a 29 de Agosto de 1924. Fez os seus estudos primários e secundários em Luanda. Fez o curso de enfermagem em Luanda, profissão que exerceu durante muitos anos deslocando-se por todo o país, que conhece bem. Fez estudos em Ciências Políticas na Alemanha (Ex-RDA). Em 1959 foi preso, tendo feito parte do chamado "Processo dos 50" e enviado para o Tarrafal onde permaneceu de 1962 a 1970. Após a independência foi Membro do Conselho da Revolução, Comissário (Governador) da Província de Luanda, Ministro da Saúde de Angola, Embaixador de Angola na República da Polónia. Foi membro da União dos Escritores Angolanos e enquanto preso político foi na cadeia onde começou a escrever os seus contos, tendo para isso sido aconselhado por alguns dos seus colegas e amigos de prisão como António Cardoso e António Jacinto. E antes de seu passamento físico no ano de 2014 exercia o cargo de Deputado a Assembleia Nacional pela Bancada do MPLA, tendo sido membro do Comité Central do MPLA até 1998. |
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