F ÁTIMA, FÁTIMA SÓ era o nome e prenome no seu Bilhete de Identidade, mais conhecida por Fatita, fi lha de um cabo-verdiano, morto em 1961, e de uma mãe luso-indiana de Goa, que ela pouco conhecera e, com o tempo, a sua imagem esvaiu-se.
Fatita era mulher sem expressão, marcada por duas síndromes: a de rejeição e da humilhação, sofridas na sua infância. Nunca despertou atenção particular senão o facto de ter conservado essa expressão de virgem inocente, com certa estupidez, que a expunha, facilmente, aos perversos predadores falocráticos.
Quando era adolescente, a sua ingenuidade, inocência e virginda de estavam estampadas no rosto. Uma face angular de olhos grandes
cinza e meigos. Um nariz erecto e perfeito, uma boca redonda com
lábios recheados, uma pele lisa e quase branca. A sua cabeleira negra, farta e ondulante, penteada num puxo, desguarnecia-lhe o rosto angélico e isso provocava «atropelamentos» nos perversos porque cada um deles queria ser o primeiro a estuprá-la.
Author | Dya Kasembe |
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Publisher | Mayamba |
Edition no. | 1 |
Year of publication | 2022 |
Format | Livro capa mole |
Language | Portuguese |
ISBN | 9789897611650 |
Country of Origin | Angola |
About the Author | DIA KASSEMBE é o pseudónimo literário de Amélia de Fátima Cardoso, nascida na Kissama (Angola). Formou-se em Filosofi a na Universidade de Paris 8, em França, tendo feito o mestrado em Ciências Humanas, opção Políticas de Desenvolvimento. Começou a publicar poemas e contos em 1970. Pela Mayamba Editora, a autora publicou obras como: As Mulheres Honradas e Insubmissas, A Estupidez Codifi cada e Cartas, Recados Desabafos e Pedaços da História da Kissama. |
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